Edição: Câmara Municipal de Ílhavo e Museu Marítimo de Ílhavo, 2011
Por permuta com o Museu Marítimo de Ílhavo, chegou recentemente à Biblioteca do Museu Dr. Joaquim Manso a publicação “Tudo num barco. Património marítimo e cultura popular”, catálogo ilustrativo de exposição com o mesmo nome, que esteve patente ao público naquele museu e que incluiu miniaturas de embarcações tradicionais portuguesas provenientes do Museu de Arte Popular.
Reflexões de vários autores – Álvaro Garrido, Andreia Galvão, Daniel Melo, Francisco Oneto Nunes, Alexandre Oliveira, Luís Martins e Márcia Carvalho – abordam a relação entre a arte e a cultura popular, com referências à política adoptada pelo Estado Novo e às iniciativas de António Ferro que, com o objectivo de glorificar a tradição e o passado nacional, estimulavam a realização de mostras de arte popular, como a grande exposição do Mundo Português em 1940, de que viria a resultar o Museu de Arte Popular, inaugurado em 1948. Numa perspectiva de valorizar o universo etnográfico, a cultura popular é retratada em miniaturas com todos os detalhes e pormenores, fixando os vários aspectos da identidade nacional, sobretudo os relacionados com as actividades rurais e marítimas.
Assim, os processos, instrumentos e técnicas agrícolas tradicionais são representados em tamanho reduzido, aliando o aspecto estético ao documental e evocativo. O apelo à preservação da tradição também se manifesta no que concerne à cultura do mar, com modelos reduzidos de embarcações e de artes de pesca tradicional.
Luís Martins distingue, aqui, três tipos de construtores de miniaturas de embarcações, consoante a técnica utilizada na respectiva construção:
Artesão – aquele que “miniaturiza” os objectos, centrando-se na forma. “Isto é feito a olho. Não se trabalha à escala”.
Modelista – aquele que segue um plano ou desenho à escala.
Artista – aquele que segue a escala, mas também tem em atenção estudos, esboços e fotografias sobre a embarcação a construir.
Esta publicação relembra ainda o trabalho de investigação do Arq. Lixa Felgueiras sobre a arquitectura e a dimensão imaterial do barco.
Finalmente, é dado especial relevo à importância do barco como expressão da cultura marítima e à formação de museus etnográficos e regionais que contribuam para a sua preservação.
Mais uma importante edição do Museu Marítimo de Ílhavo, disponível para consulta na Biblioteca do Museu Dr. Joaquim Manso.