Heróis do Mar. Bill Perlmutter

Título: Heróis do Mar. Bill Perlmutter
Texto de Manuel António Pina
Edição: Centro Português de Fotografia / MC / Bill Perlmutter, Porto, 2002

Bill Perlmutter (Nova Iorque, 1932) autor das fotografias que compõem esta obra, na sua segunda viagem à Europa, teve a oportunidade de conhecer a Nazaré de 1958, deixando-se seduzir pelas características que identificavam a paisagem, as ruas e as pessoas, captando a sua própria essência.
Ele próprio afirma: “[Na Nazaré] As pessoas fascinavam-me, os rostos morenos e marcados pelo tempo pareciam estar em completa sintonia com o mar bravo à sua volta. As roupas pareciam fora do tempo, na moda em qualquer século menos no século XX. Aqui o relógio parou, ou pelo menos passou a andar mais devagar, porque estes pescadores corajosos pareciam mais próximo do seu passado fenício do que do presente. Os rostos enrugados, profundamente sulcados, espelhavam uma vida de luta e determinação contra um mar exigente. As mulheres também reflectiam uma imagem de orgulhoso estoicismo, modelado por uma vida de trabalho e sacrifício. Como sempre, eram as crianças que mais me atraíam e tornaram-se o meu tema preferido..."


As imagens, a preto e branco, reproduzidas nesta obra, documentam a realidade sócio-cultural desta comunidade de pescadores, aliando a beleza da imagem à verdade de uma vida dura, retratada quer na sua relação com o mar, quer nos vários domínios do quotidiano, deixando antever também os afectos e sentimentos, as alegrias e tristezas que marcam os rostos da pessoa comum.
Desfolhar esta publicação é conhecer não só parte da obra do autor, mas também recuar no tempo e deixar-se envolver pela ambiência da Nazaré nos anos 1950. Pelo olhar de Bill Perlmutter temos uma leitura da forma de ser, estar e sentir da comunidade, da tipologia das embarcações, dos costumes e de momentos soltos passados no areal da praia, no mercado ou na taberna.

A Liberdade da Pesca

Autor: M. J. Martins Contreiras
Título: A Liberdade da Pesca. Conferência realisada na Associação Commercial dos Lojistas de Lisboa
Edição: Lisboa, Typographia do Commercio, 1910

Conferência realizada na Sala da Associação dos Lojistas de Lisboa, em 20 de Junho de 1910, pelo antigo professor Martins Contreiras.
Nascido na Fuzeta (1848), Martins Contreiras foi assíduo colaborador da imprensa republicana da época e membro do Grande Oriente Lusitano Unido. Defensor das ideias liberais, tomou parte em múltiplos congressos de associações operárias, de instrução e cooperativas, especialmente nas estabelecidas pelo Partido Republicano.

Nesta exposição, Martins Contreiras apela ao consumo do peixe, em prol da qualificação da alimentação portuguesa e da melhor gestão dos recursos, lamentando “o atraso intelectual dos nossos pescadores”, que os tornara “agarrados aos seus velhos meios de caça, e raro lhes surde um melhoramento nas indústrias marítimas, que não conclamem contra ele”.
Discorre sobre vários problemas que afectavam as pescas à época, nomeadamente da discussão sobre o esgotamento dos pesqueiros e o crescimento dos vapores de arrasto, que considerava necessários para a modernização das pescas nacionais, em detrimento das artes tradicionais.
Por isso, exortava a associação a envidar os esforços para que fosse restabelecido em todas as disposições o Decreto de 17 de Março de 1906 (que declarava livre a matrícula para os vapores de arrasto pertencentes a portugueses ou empresas portuguesas) e fosse anulada a Portaria de 6 de Novembro de 1906 (que proibia novas matrículas).

Disponível para consulta na Biblioteca do Museu Dr. Joaquim Manso.